STARMER ABANDONA DEPORTAÇÃO PARA O RUANDA

O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, disse hoje que vai abandonar a controversa política conservadora de deportação de requerentes de asilo para o Ruanda, considerando que a medida nunca teve resultados, apesar do dinheiro investido.

O “projecto do Ruanda estava morto e enterrado antes de começar”, disse o novo primeiro-ministro em conferência de imprensa, após a primeira reunião do seu Governo, acrescentando: “Nunca funcionou como um factor de dissuasão. Quase o contrário”.

A medida foi um dos primeiros actos de Keir Starmer no cargo, embora fosse amplamente esperada. Durante a campanha eleitoral, o líder trabalhista tinha dito que iria abandonar o plano que custou centenas de milhões de dólares, mas que nunca chegou a ser implementado.

Keir Starmer fez o anúncio depois de realizar a sua primeira reunião do gabinete no número 10 de Downing Street, na sequência da vitória clara do Partido Trabalhista, que derrubou 14 anos de Governo conservador.

O plano para o Ruanda foi uma das medidas do ex-primeiro-ministro conservador Rishi Sunak para tentar impedir que os imigrantes tentassem entrar no Reino Unido através do Canal da Mancha.

Contudo, o plano foi confrontado com questões de direitos humanos e nunca conseguiu deportar uma única pessoa, apesar de terem sido desembolsadas centenas de milhões de libras num pacto com a nação da África Oriental.

No entanto, o cancelamento da política de deportação para o Ruanda já mereceu críticas de Suella Braverman, uma conservadora da linha dura do partido e possível candidata a substituir Rishi Sunak como líder do partido.

“Anos de trabalho árduo, actos do Parlamento, milhões de libras gastas num esquema que, se tivesse sido implementado correctamente, teria funcionado”, disse hoje, continuando: “Há grandes problemas no horizonte que, receio, serão causados por Keir Starmer”.

Recorde-se que no dia 22 de Abril o Parlamento do Reino Unido aprovou uma lei para enviar requerentes de asilo para Ruanda, tendo o então primeiro-ministro Rishi Sunak prometido iniciar o processo entre 10 a 12 semanas.

Rishi Sunak disse na altura que o governo reservara aviões fretados comerciais e treinou funcionários para levar migrantes para Ruanda.

A Câmara dos Lordes recusou apoiar a legislação, mas acabou por ceder depois de Rishi Sunak afirmar que o governo forçaria o Parlamento a reunir-se mesmo durante a madrugada, conforme necessário, para que ela fosse aprovada.

“Sem ses, sem mas. Esses voos vão para Ruanda”, pontuou Rishi Sunak.

Sobre a primeira reunião do seu Governo, depois de ter sido investido no cargo na sexta-feira pelo Rei Carlos III, Keir Starmer admitiu ter “muito trabalho pela frente”.

Entre uma série de problemas que enfrentam, estão a dinamização de uma economia lenta, a correcção de um sistema de saúde falido e o restabelecimento da confiança no Governo.

O primeiro-ministro terá uma agenda preenchida após a campanha de seis semanas que atravessou as quatro nações do Reino Unido. Keir Starmer irá a Washington na próxima semana para uma reunião da NATO e será o anfitrião da cimeira da Comunidade Política Europeia a 18 de Julho, um dia depois da abertura do Parlamento e do discurso do Rei, que estabelece a agenda do novo Governo.

Keir Starmer já destacou vários dos grandes temas, tais como a correcção do Serviço Nacional de Saúde e a segurança das fronteiras britânicas, uma referência a um problema global mais vasto em toda a Europa e nos Estados Unidos de absorção do afluxo de migrantes que fogem da guerra e da pobreza, bem como da seca, ondas de calor e inundações atribuídas às alterações climáticas.

Entretanto, os presidentes da Etiópia, Quénia, África do Sul, Somália e Zâmbia felicitaram hoje o trabalhista Keir Starmer, novo primeiro-ministro do Reino Unido, pela sua vitória.

“O Presidente [da África do Sul] Cyril Ramaphosa felicitou Keir Starmer pela sua nomeação como primeiro-ministro do Reino Unido da Grã-Bretanha e da Irlanda do Norte”, declarou a presidência sul-africana em comunicado, citado pela agência Efe.

“O Presidente Ramaphosa disse que espera trabalhar com o primeiro-ministro Starmer para melhorar a forte e histórica relação entre a África do Sul e o Reino Unido”, acrescentou.

Também o Presidente do Quénia, William Ruto, em nome do seu Governo e “do povo queniano”, transmitiu ao recém-nomeado primeiro-ministro britânico as suas “mais calorosas felicitações”.

“A sua eleição é o testemunho do profundo anseio do povo do Reino Unido por uma política progressista (…) Estou ansioso por trabalhar com o primeiro-ministro Starmer para promover a nossa cooperação bilateral em matéria de comércio, política e defesa”, declarou Ruto na sua conta na rede social X.

Os presidentes da Somália, Hassan Sheikh Mohamud, e da Zâmbia, Hakainde Hichilema, e o primeiro-ministro da Etiópia, Abiy Ahmed, também publicaram mensagens semelhantes no X, disse a Efe.

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